O sistema de saúde é uma "trave-mestra da democracia"

Maria de Belém apresentou 'Grande Investigação DN: O Estado da Saúde'.
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"Uma investigação muito completa aborda áreas que não costumam ser abordadas na imprensa." As palavras são de Maria de Belém Roseira, ex-ministra da Saúde do governo de António Guterres, ontem, na apresentação do terceiro volume Grande Investigação DN: O Estado da Saúde, parceria do Diário de Notícias e da editora Gradiva, no El Corte Inglés. A deputada pelo PS à Assembleia da República, conhecedora do sistema de saúde nacional, assina o prefácio do livro. "O sistema de saúde é uma trave-mestra da democracia, é uma trave-mestra independentemente de ser bem sucedida. Mas é porventura o sistema que melhor desempenho teve do ponto de vista dos resultados, quando comparado com outros", referiu.

O Estado da Saúde, desde ontem nas livrarias, reúne os trabalhos dos jornalistas Carlos Diogo Santos, João Cristovão Baptista, Rui Marques Simões, Rui Pedro Antunes e Sónia Simões (com coordenação de Ana Mafalda Inácio e transposição para livro de João Céu e Silva) publicados entre 1 e 5 Julho no Diário de Notícias sobre o sector da saúde e para todos os seus agentes. "Olhámos para todas as áreas - médicos, enfermeiros, especialidades, utentes, taxas moderadoras, pelo lado do cidadão, mas também olhámos para o negócio. Medicamentos, farmacêuticas, a gestão pública, os privados. Fomos às urgências, bombeiros, vimos o negócio da morte", elencou o director do Diário de Notícias, João Marcelino.

Maria de Belém Roseira salienta os aspectos positivos do actual Sistema Nacional de Saúde, decorentes da sua universalidade. "O que correu bem teve que ver com orientações estratégicas de lutar contra indicadores que nos envergonhavam", afirmou lembrando os cuidados na área da saúde materno-infantil, integrando "cuidados primários e cuidados hospitalares, o que não conseguimos em outras áreas apesar de estar identificado". E aponta os problemas: "Temos bons indicadores na saúde mas somos o quinto em termos de gastos com a saúde".

A deputada socialista dissecou a questão: "Somos o quinto país que mais gasta, não porque gastemos mais do ponto de vista das exigências mas porque o nosso PIB [produto interno bruto] é muito pequeno. Enquanto na Segurança Social nós temos as prestaçãoes ligadas com os nossos rendimentos, não fazemos um transplante à portuguesa, fazemos de acordo com os mais elevados standards internacionais. O impacto dos custos, quer em termos de medicamentos quer em termos de tecnologia tem efeito no que é o custo e para o qual nós não temos gerado riqueza suficiente".

Os gastos com a Saúde são um temas abordados na Grande Investigação DN que chegou, de resto, a um número - 2,7 mil milhões de euros de dívida do Sistema Nacional de Saúde - que ministro da Saúde, Paulo Macedo, acabado de tomar posse "viria a confirmar", como explicou João Marcelino. "É sensivelmente o valor da primeira tranche do empréstimo daTroika. Estamos a falar de uma verba que daria quase para comprar sete submarinos, equivalente à nacionalização deste escândalo que é o BPN, estamos afalar de uma verba muito importante no contexto da sociedade portuguesa", notou João Marcelino, perante uma plateia que incluia a ex-ministra da Saúde e actual deputada Ana Jorge e o director-geral da Inspecção Geral das Actividades em Saúde, Fernando César Augusto.

Guilherme Valente, editor da Gradiva, salientou que estes livos "são um levantamento bem feito da realidade portuguesa e estes temas são importantes. A Grande Investigação do DN está a percorrer os temas de facto importantes".

O director do DN adiantou que a parceria com a Gradiva continua em 2012 com a publicação da quarta Grande Investigação: A Maçonaria em Portugal. Na mesma ocasião é publica a Grande Investigação sobre o Ambiente.

O livro (165 páginas) está desde ontem nas livrarias e custa 13,00 euros.

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